De repente, percebi que posso desfrutar a vida. Percebi que não preciso fazer nada com pressa de acabar. Percebi que posso desfrutar de uma refeição maravilhosa feita pelo meu marido, comer devagar, saboreando cada garfada. E após desfrutá-la, não preciso levantar correndo para lavar a louça. Posso deitar no sofá, perto dele, e conversarmos o tempo que desejarmos para, só então, irmos aos afazeres domésticos.
Percebi que posso ser indulgente comigo mesma. Posso me confundir e levar para o banco o cartão de poupança antigo (que eu deveria ter destruído), ao invés do novo e, ao chegar no caixa rápido, perceber que me confundi e não me irritar comigo mesma, não ir praguejando de volta para casa com raiva do meu erro. Percebi que posso perceber que errei, me surpreender com o fato de de ter cometido um deslize tão bobo, voltar para casa tranquilamente (a qual fica a uns 10 minutos de caminhada do banco), pegar o cartão novo, voltar ao banco, realizar a operação bancária e retornar a casa, sem qualquer vestígio de raiva.
Percebi que não preciso me tratar como minha mãe me tratava. Não preciso me apressar porque ela sempre me dizia para ser mais rápida porque eu era lerda demais. Não preciso me irritar com meus erros porque ela se irava com o meus. Percebi que posso ser eu. Contemplativa e distraída, dada a enganos, como qualquer um.
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